O olhar do médico oncologista para o seu paciente não pode se resumir à doença que ele apresenta. O acolhimento precisa não só melhorar a saúde, mas também a sua qualidade de vida. O termo “qualidade de vida” envolve um conjunto de fatores que inclui a saúde física e mental, independência para fazer tarefas cotidianas e características ambientais e sociais.
Diversos estudos já demonstraram que pacientes com maior suporte familiar apresentaram melhor qualidade de vida que os demais. O paciente precisa sentir que a outra pessoa está pensando nele, fazendo de tudo para deixá-lo confortável, percebendo o que o afeta. Além do suporte familiar, algumas atitudes do médico durante o atendimento podem auxiliar o paciente de forma importante, um tratamento individualizado e humanizado contribui para que o paciente sinta que tem mais apoio.
Alguns efeitos colaterais do tratamento afetam a qualidade de vida do paciente. A fadiga é relatada por até 65% dos pacientes em algum momento do tratamento, até mesmo algum tempo depois. Ela é consequência das alterações no metabolismo muscular e distúrbio do ritmo circadiano. A perda de peso é outro efeito que afeta não só a qualidade de vida como também pode trazer risco de complicações. Nesse caso, os cuidados com a nutrição dos pacientes precisam estar relacionados à identificação precoce dos pacientes em risco. Por fim, a neuropatia periférica, condição que afeta os nervos periféricos, é um dos problemas mais comuns em pacientes que recebem quimioterapia. Os sintomas podem incluir dor, formigamento, dormência e aumento da sensibilidade à temperatura.
A atenção à qualidade de vida significa, além do atendimento, a indicação de medicação e de métodos alternativos, como o exercício físico e acupuntura, mas também o acompanhamento após o tratamento. É importante identificar esses sintomas pois a ação do médico para melhorá-los irá afetar a vida do paciente de forma positiva.
Para certos tipos de tumores, que evoluem devagar ou foram descobertos em fase inicial, há cada vez mais recursos para alcançar a cura. Porém, quando isso não é possível, o foco deve ser fazer com que a pessoa viva bem pelo maior tempo possível. Alguns hábitos podem melhorar o prognóstico de tratamento e a qualidade de vida de pacientes com câncer: controle do peso, dieta saudável, atividade física e apoio psicológico.
Apesar de a medicina ainda não deter a capacidade de cura de todas as doenças, ela vem registrando muitos progressos rápidos e revolucionários. A medicina personalizada, por exemplo, faz uso dos avanços da ciência, por exemplo nas áreas de genética e bioinformática. O seu alvo principal é a área do câncer, na qual várias alterações genéticas já foram identificadas como causadoras da doença, permitindo um tratamento preciso. O mesmo tratamento oncológico não serve mais para todos. O câncer é muito mais complexo do que se imaginava. Há diferenças marcantes dos mesmos tipos de tumor entre os pacientes. São como “digitais”, específicas para cada indivíduo.
Com a medicina personalizada, ou de precisão, os indivíduos são tratados como únicos, o tratamento se ajusta ao paciente, trazendo uma gama de benefícios. Por exemplo, numa abordagem de prevenção, ela permite investigar a susceptibilidade a determinadas patologias, mesmo antes de se manifestarem clinicamente, possibilitando um acompanhamento e até a sua prevenção. Já na questão de tratamentos, a medicina de precisão indica uma escolha de tratamento que tenha maiores chances de resultado, uma vez que é personalizada. Além disso, a medicina de precisão promove o desenvolvimento de tratamentos alternativos personalizados para indivíduos que não responderiam aos tratamentos convencionais.