Golpe do Cartão: Polícia desarticula esquema de R$ 240 milhões em “empréstimos rápidos” em Goiânia
Criminosos usavam desespero financeiro das vítimas para aplicar golpe com maquininhas e cartão de crédito. Polícia alerta: “isso não é empréstimo informal, é crime de agiotagem eletrônica”.
Em uma operação que expôs as entranhas de um esquema milionário, a Polícia Civil de Goiás desmantelou um grupo criminoso que atuava na capital oferecendo falsos “empréstimos rápidos” com pagamento via cartão de crédito. O golpe, que movimentou mais de R$ 240 milhões, foi classificado como uma forma moderna e disfarçada de agiotagem eletrônica.
O funcionamento era simples — e perverso: a vítima, em situação de urgência financeira, era convencida a passar seu cartão de crédito em uma maquininha administrada pelos golpistas. Em troca, recebia um valor menor em espécie, como uma espécie de “adiantamento”, sob promessa de taxas “mais acessíveis” do que bancos e financeiras. O que não era dito: os juros cobrados beiravam o extorsivo, e o “contrato” era verbal, sem nenhuma garantia legal.
Segundo o delegado responsável pelo caso, as vítimas eram em sua maioria autônomos, aposentados e mães solteiras, alvos fáceis pela vulnerabilidade e desespero. Em alguns casos, o valor liberado chegava a ser apenas 40% do que foi passado no cartão.
“Estamos falando de estelionato, agiotagem eletrônica, formação de quadrilha e apropriação indevida. Não é apenas um ‘jeitinho de emprestar dinheiro’, é crime grave, com penas previstas no Código Penal”, explicou o delegado.
“Empréstimo informal” ou novo modelo de exploração?
A falsa aparência de informalidade e agilidade escondia uma estrutura organizada, com máquinas em nomes de laranjas, intermediadores pagos por comissão, e até empresas de fachada com aparência de legalidade. O caso reforça uma dura realidade: em tempos de crise, cresce o número de brasileiros expostos a esse tipo de armadilha.
Especialistas alertam: qualquer empréstimo que envolva pagamento antecipado, cartão de crédito ou promessa de dinheiro fácil e imediato sem consulta ao CPF deve ser encarado com desconfiança.
💬 Opinião | Por Cleuber Carlos
O mais grave não é só o crime, mas a indiferença com o desespero alheio. O sistema bancário brasileiro, burocrático e excludente, empurra milhares de pessoas para os braços de golpistas que se apresentam como “salvadores”. Enquanto o Estado falha em oferecer crédito acessível, surgem os oportunistas prontos para sugar até o limite do cartão — e da dignidade.
Goiânia acordou para um esquema milionário, mas quantos outros estão agindo neste exato momento, invisíveis, travestidos de ajuda?