A porta-voz do governo dos Estados Unidos, Karoline Leavitt, respondeu nesta terça-feira (09/09) a uma pergunta sobre a possível condenação de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) e a supostos ataques à liberdade no Brasil.
“Posso dizer que essa é uma prioridade para o governo. O presidente [Donald Trump] não tem medo de usar o poder econômico e o poder militar dos EUA para proteger a liberdade de expressão ao redor do mundo”, disse Leavitt.
A representante da Casa Branca afirmou, no entanto, que por ora “não há ações adicionais” previstas.
A porta-voz disse que os EUA já tomaram “ações significativas com relação ao Brasil, em forma tanto de sanções quanto de tarifas, para garantir que países ao redor do mundo não estejam punindo seus cidadãos”.
“A liberdade de expressão é, possivelmente, a questão mais importante do nosso tempo. Ela está consagrada na nossa Constituição, e o presidente acredita fortemente nela.”
Em resposta, na noite de terça, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil (Itamaraty) publicou uma nota em que “condena o uso de sanções econômicas ou ameaças de uso da força contra a nossa democracia”.
“O primeiro passo para proteger a liberdade de expressão é justamente defender a democracia e respeitar a vontade popular expressa nas urnas. É esse o dever dos três Poderes da República, que não se intimidarão por qualquer forma de atentado à nossa soberania”, disse o Itamaraty, que condenou também a mobilização feita por “forças antidemocráticas” no Brasil para “instrumentalizar governos estrangeiros para coagir as instituições nacionais”.
Um trecho da fala de Leavitt foi compartilhado na rede social X pela conta da Embaixada dos EUA no Brasil.
A porta-voz fez as declarações em uma entrevista coletiva, em resposta a uma pergunta do jornalista americano e ativista Michael Shellenberger — que perguntou se os EUA previam medidas adicionais em resposta à suposta censura e ao bloqueio para que certas pessoas se candidatem no Brasil e outros países.
Shellenberger citou a inelegibilidade de Jair Bolsonaro e sua possível condenação na ação penal que está sendo julgada nessa semana no STF.
O jornalista foi um dos principais responsáveis pela divulgação dos chamados “Twitter Files” (“Arquivos do Twitter”), um compilado de trocas de e-mails de funcionários do Twitter sobre decisões judiciais brasileiras que envolveram a rede social entre 2020 e 2022.
O jornalista acusou o STF, o ministro do STF Alexandre de Moraes e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de censura a contas e conteúdo de “oponentes”.