Por Cleuber Carlos – Mais Brazil News
A recém-anunciada tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos acendeu um alerta vermelho na economia nacional. Um estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV) aponta que a medida pode causar uma redução de até 0,41% no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2025, com impacto direto nas exportações, especialmente no agronegócio – setor que pode sofrer queda de até 75% nos embarques para o mercado norte-americano.
Setores mais afetados
O estudo da FGV detalha que o impacto não será uniforme. Os setores mais prejudicados são:
✅ Soja e derivados – Responde por cerca de 35% do total das exportações agrícolas brasileiras para os EUA. A tarifa deve reduzir drasticamente a competitividade frente a países como Argentina e Canadá, que mantêm acordos comerciais menos restritivos com os norte-americanos.
✅ Carne bovina e suína – Com barreiras sanitárias já rígidas, o setor deve enfrentar queda de até 60% nos embarques, segundo projeção da FGV. O Brasil é o segundo maior exportador de carne bovina para os EUA e perderá espaço para Austrália e México.
✅ Produtos industrializados de base agrícola – Etanol, suco de laranja e café industrializado podem sofrer queda conjunta de 50% a 65% nas exportações, atingindo diretamente polos produtores em São Paulo, Mato Grosso e Goiás.
✅ Mineração e siderurgia – Embora em menor escala, produtos como aço semiacabado e minério de ferro também entram na lista de tarifas, com redução estimada de 25% no volume exportado.
Efeitos no agronegócio e na economia nacional
De acordo com a FGV, o agronegócio brasileiro será o epicentro da crise, pois os EUA são um dos principais compradores de proteína animal e soja processada. A retração afetará toda a cadeia produtiva, com risco de:
-
Perda de empregos no campo, principalmente em regiões como Centro-Oeste e Sul, onde o mercado externo responde por até 40% da renda agrícola.
-
Pressão sobre os preços internos, com excesso de oferta de soja e carnes no mercado doméstico, o que pode reduzir a renda do produtor e afetar pequenos e médios produtores.
-
Desvalorização cambial moderada, já que a queda nas exportações reduzirá a entrada de dólares no país.
O impacto de 0,41% no PIB, embora pareça pequeno, representa, na prática, R$ 40 bilhões a menos na economia, o que deve desacelerar o crescimento esperado para 2025.
Reação do governo e possíveis soluções
O governo brasileiro, por meio do vice-presidente Geraldo Alckmin, anunciou a criação de um comitê interministerial para estudar contramedidas comerciais e renegociar com os EUA. A possibilidade de buscar novos mercados na Ásia e na Europa também está em discussão, mas especialistas alertam que a readequação logística e diplomática pode levar meses ou até anos.
Economistas da FGV defendem que o governo priorize:
-
Incentivos fiscais internos para amortecer as perdas do agronegócio;
-
Negociações bilaterais urgentes com os EUA;
-
Fortalecimento de parcerias com China, Índia e países árabes para redirecionar parte da produção.
Conclusão
A sobretaxa norte-americana não é apenas uma questão comercial, mas um golpe direto em um dos motores da economia brasileira. Caso não haja um movimento rápido de articulação diplomática e apoio ao produtor, o Brasil poderá enfrentar uma desaceleração econômica com forte impacto social no campo e nas indústrias ligadas ao agronegócio.