Em uma tentativa de conter os impactos do tarifaço imposto pelo governo norte-americano ao Brasil, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), anunciou nesta terça-feira (22/07) a criação de linhas de crédito especiais para empresários goianos. A medida foi revelada durante uma reunião no Palácio das Esmeraldas, com a presença de representantes de diversos setores produtivos do estado.
Caiado afirma que o objetivo é oferecer fôlego financeiro às empresas atingidas pelas novas tarifas norte-americanas, com acesso a três fundos emergenciais. Na prática, Goiás se torna o primeiro estado do Brasil a anunciar formalmente uma estratégia concreta para mitigar os efeitos da política econômica agressiva de Donald Trump.
Mas será que essa resposta é suficiente?
Uma reação rápida, porém limitada
Do ponto de vista político, Caiado tenta se posicionar como um governador proativo e alinhado aos interesses do setor produtivo — base fundamental de sua sustentação política em Goiás. No entanto, especialistas em comércio exterior alertam que linhas de crédito, sozinhas, não compensam os prejuízos de barreiras tarifárias impostas por uma potência como os EUA.
Empresários do agronegócio, principal motor da economia goiana, temem que a competitividade das exportações caia significativamente, e que a reação do estado não seja suficiente para segurar demissões e retrações no setor.
Estratégia ou simbolismo?
A fala de Caiado — “Essa é minha primeira preocupação como governador” — carrega um simbolismo importante. Ele tenta se posicionar como líder de resistência federal, agindo onde o governo federal se mostra inerte. No entanto, é preciso mais que declarações de intenção. É necessário transparência nos critérios de acesso aos fundos, prazos e taxas, além de articulação com outras esferas do governo para garantir isonomia e escala às ações.
O que vem pela frente?
Caiado acerta ao não cruzar os braços, mas o impacto real das medidas anunciadas dependerá da execução prática e da agilidade da burocracia estadual. Num cenário global de instabilidade, é o momento de se pensar além da retórica e construir soluções robustas.
Se Goiás quiser liderar uma reação nacional ao tarifaço, precisará mais do que crédito: precisará de inteligência econômica, diplomacia e inovação.