Por Cleuber Carlos – Mais Brazil News
O Ministério da Economia revisou para cima a previsão de crescimento do PIB brasileiro em 2025, projetando agora um avanço de 2,5%, ante os 2,4% estimados anteriormente. A notícia, anunciada nesta quarta-feira (16 de julho de 2025), traz um alívio momentâneo e reforça a percepção de que a economia brasileira mantém um ritmo moderado de expansão.
Contudo, o otimismo não vem sem ressalvas: o próprio governo já admite desaceleração em 2026, com previsão reduzida para 2,4%, e analistas alertam para riscos que vão desde juros internos altos até o impacto da guerra comercial com os Estados Unidos.
O “tarifaço” dos EUA e o risco à frente
O relatório do governo não considerou os efeitos da recém-anunciada tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos — mas economistas ouvidos pelo Mais Brazil News apontam que a medida pode comprometer o crescimento em até 0,41% do PIB, especialmente com a forte dependência do agronegócio e de produtos industrializados para exportação.
Soja, carne bovina e etanol devem ser os setores mais afetados, com risco de perda de mercados para concorrentes como Argentina, Canadá e Austrália. “Se o governo não agir rápido com negociações e diversificação de parceiros, o impacto pode ser mais severo do que o previsto”, alerta um analista consultado.
Mercado financeiro segue cauteloso
Apesar da revisão positiva do PIB, os mercados reagiram com frieza:
-
O dólar comercial fechou o dia em alta de 0,06%, a R$ 5,561;
-
O Ibovespa segue pressionado, acumulando oito sessões sem alta.
Investidores citam como fatores de incerteza a pressão cambial, a inflação acima da meta e a indefinição sobre as contramedidas comerciais do governo.
O que explica o crescimento em 2025?
Especialistas apontam que o crescimento projetado decorre de três fatores:
-
Agronegócio ainda robusto, sustentado por contratos de exportação já firmados antes das tarifas;
-
Setor de serviços em expansão, impulsionado pelo consumo interno e pelo turismo;
-
Obras de infraestrutura e PAC federal, que vêm estimulando o mercado de trabalho.
Mas todos concordam que o cenário é frágil. “Estamos crescendo mais por inércia do que por reformas estruturais. Qualquer choque externo pode nos derrubar”, afirmou um economista da FGV.
Opinião: O governo precisa agir rápido – ou vamos perder a confiança
O crescimento revisado para cima é positivo, mas não podemos cair na armadilha do otimismo superficial. O Brasil ainda convive com juros altos, inflação persistente e uma guerra comercial que ameaça nossos principais setores exportadores.
O governo precisa:
-
Agir diplomaticamente para reduzir tensões com os EUA;
-
Acelerar acordos comerciais com Ásia e Europa para diversificar mercados;
-
Dar previsibilidade fiscal para que investidores retomem a confiança no longo prazo.
Caso contrário, o otimismo do meio do ano pode dar lugar a uma dura realidade de retração e desemprego no início de 2026.