O uso de celulares e outros dispositivos digitais por crianças trazem muita comodidade aos pais, porém o uso excessivo pode provocar sérias complicações para a saúde, como alterações no sono, risco de obesidade, transtornos de saúde mental e problemas com a saúde dos olhos. Quem faz o alerta é o médico oftalmologista Fernando Naves, do hospital Santa Casa de Mauá. “O uso descontrolado de telas por crianças e adolescentes pode levar a complicações oculares, como o olho seco e a miopia”, explica.
A proposta não é proibir o uso dos aparelhos, mas criar estratégias para a redução dos efeitos. Ajuste o brilho e o contraste dos aparelhos; a cada 30 minutos de uso de tela é preciso fazer uma pausa de aproximadamente 10 minutos ou mais e oriente a criança sobre a necessidade de piscar para hidratar os olhos. O uso das telas deve ser feito em áreas iluminadas, de preferência com luz natural; elas não devem ser utilizadas durante as refeições e serem desligadas duas horas antes de dormir. Além disso, os dispositivos precisam ser mantidos distantes do rosto.
As crianças menores de dois anos de idade não devem fazer uso de telas e estimuladas a brincar ao ar livre. Até os cinco anos, o seu uso deve ser limitado a uma hora diária. Entre 6 e 10 anos de idade, o ideal é até duas horas por dia e, dos 11 aos 18 anos, até 3 horas diárias.
Com o uso de telas, os indivíduos piscam menos vezes, o que compromete a hidratação e lubrificação adequada dos olhos. Com isso, podem desenvolver o olho seco e até algumas infecções oculares. O uso excessivo da tela também causa uma acomodação ocular, já que a musculatura dos olhos é contraída por mais tempo causando esforço e cansaço. Por essa razão, as pausas no uso dos dispositivos são importantes, permitindo o alongamento dessa musculatura. A miopia também pode ocorrer, já que as telas provocam alterações no globo ocular e a exposição à luz artificial pode piorá-la, tornando o quadro irreversível.
“É uma tarefa difícil para os pais identificarem uma doença ocular e por essa razão, as consultas de rotina precisam ser realizadas anualmente. Além disso, alguns fatores podem indicar que algo não vai bem com a criança, como olhos desviados, lacrimejamento excessivo, olhos vermelhos e coceira, queixa de dores de cabeça, quedas constantes, aproximação de objetos dos olhos para enxergar e reflexos amarelados nos olhos em foto”, alerta o médico oftalmologista Fernando Naves