Grupo aliciava brasileiras e colombianas com falsas promessas de emprego na Europa. PF aponta atuação organizada e reiterada em território goiano.
Na manhã desta terça-feira (22), a Polícia Federal deflagrou uma nova operação contra o tráfico internacional de mulheres para fins de exploração sexual. A ação aconteceu simultaneamente em Goiás, Pernambuco e São Paulo, e visa desarticular uma organização criminosa que aliciava brasileiras e colombianas para atuarem na prostituição forçada na Espanha.
A investigação contou com apoio da polícia espanhola, que compartilhou dados estratégicos para identificar o funcionamento da quadrilha. Segundo a PF, o grupo era altamente organizado, atuando desde o recrutamento das vítimas até a logística do envio para o exterior. Ao desembarcarem na Europa, as mulheres eram obrigadas a se prostituir, sem meios de escapar ou retornar ao país de origem.
🎭 A armadilha: promessas de emprego, realidade de escravidão
O aliciamento das vítimas ocorria por meio de falsas ofertas de trabalho no exterior, muitas vezes divulgadas em redes sociais e grupos de WhatsApp. Ao chegarem na Europa, as vítimas percebiam que haviam sido enganadas, mas já estavam em situação de vulnerabilidade extrema, sem documentos, dinheiro ou rede de apoio.
A investigação revelou ainda que, sob ameaças físicas e psicológicas, as mulheres eram exploradas sexualmente até “quitarem dívidas” impostas de forma arbitrária pelos próprios aliciadores — uma estratégia cruel para mantê-las em cárcere moral e físico.
📍 Goiás: foco recorrente de operações da PF
Esta não foi a única ação da Polícia Federal relacionada ao tráfico de mulheres com origem em Goiás. Em setembro de 2024, a PF já havia executado a Operação Falsas Promessas na cidade de Mineiros, desarticulando um esquema semelhante. Na ocasião, mulheres eram mantidas em uma boate e forçadas a programas sexuais, sob a alegação de que precisavam saldar dívidas criadas pelos próprios criminosos.
Em ambos os casos, os relatos mostram um padrão preocupante: a coisificação de mulheres como mercadoria internacional e a atuação de redes criminosas que operam com estrutura profissional e transnacional.
❗ Opinião do editor
É urgente que o poder público vá além das operações policiais. É preciso educação, assistência jurídica, programas de prevenção e acolhimento às vítimas. Goiás está no mapa do tráfico humano — e isso deve nos envergonhar como sociedade. Tão grave quanto o crime é a indiferença com que ele ainda é tratado por muitos.
Precisamos de políticas públicas robustas, punições severas e, principalmente, vigilância cidadã para que nossas mulheres não sejam mais exportadas como produto para o mercado da dor.