O Instagram virou palco de um grito de socorro que, embora silencioso por um tempo, agora reverbera como denúncia, dor e coragem. A jovem Nicolle Rodrigues, conhecida nas redes sociais como @nicollersousa, usou seu perfil para tornar público o que tantas mulheres ainda enfrentam entre quatro paredes: relacionamentos abusivos que ferem não apenas o corpo, mas também a dignidade e a sanidade.
Nos stories publicados recentemente, Nicolle compartilhou mensagens e conversas que, segundo ela, comprovam agressões sofridas por parte do ex-companheiro. Mais do que expor o agressor, ela narra uma trajetória comum a muitas vítimas de violência doméstica: a tentativa de acreditar na mudança, o retorno motivado por promessas vazias, e a dolorosa constatação de que o abuso muda de forma, mas continua.
Ela afirma ter registrado boletim de ocorrência, realizado corpo de delito e conseguido uma medida protetiva. Mas, mesmo diante da lei, o ex-companheiro teria insistido em manter contato, violando a decisão judicial e manipulando as circunstâncias para reverter a narrativa a seu favor — segundo suas palavras, tentando pintá-la como vilã.
“Ele sabe o que fez. Descumpriu a medida protetiva para manter contato comigo e agora tenta transformar a verdade em narrativa conveniente…”, escreveu Nicolle, em um dos trechos mais contundentes de seu relato.
A jovem reconhece que reatou o contato com o agressor por fragilidade emocional e medo, como tantas mulheres que hesitam entre a autoproteção e a esperança de transformação. E é nesse ponto que a denúncia dela atinge o cerne do problema: a sociedade ainda julga a vítima por voltar, mas se cala diante do agressor que insiste em manipular, coagir e violentar emocionalmente.
Nada, absolutamente nada, justifica agressão física, moral ou psicológica. A tentativa de transformar prints, vídeos e conversas em provas de consentimento não anula o histórico de abuso. Pelo contrário: como Nicolle pontuou, essa reaproximação, muitas vezes, ocorre sob pressão, chantagem emocional e falsas promessas.
Os stories dela são um alerta, não apenas para mulheres que se identificam com a situação, mas também para a sociedade, que ainda banaliza o abuso quando ele é envolto em desculpas, silêncios e aparências. https://www.instagram.com/nicollersousa?igsh=MWNiYTI4dXRpaTlyaA==
O Brasil tem leis que protegem as vítimas — a Lei Maria da Penha é um marco —, mas a efetividade delas depende da coragem de denunciar, da sensibilidade da Justiça e, principalmente, da coragem de escutar quem antes se calou.
Nicolle fez sua parte. Rompeu o ciclo. E como ela mesma finalizou:
“Meu silêncio não é culpa, é autopreservação. Mas, quando necessário, eu falo.”
Fica o apelo para que todos .