Os casos de raiva humana voltaram a crescer no Brasil. Em 2022 foram cinco novas ocorrências, das 45 notificadas desde 1986.¹ Já em 2023, ao menos dois homens foram vítimas do vírus da raiva no Brasil – um após o contato com um bezerro doente em Mantena (MG) e outro após ser mordido por um sagui em Cariús (CE); ambos foram casos fatais.1
A raiva ainda é responsável pela morte de 70 mil pessoas por ano no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).1 A infecção é letal em 100% dos casos e pode ser prevenida por meio da vacinação.2 A transmissão ao humano ocorre quando o vírus da raiva existente na saliva do animal infectado penetra no organismo humano por meio de mordidas, arranhões ou lambidas. Os ciclos de transmissão da raiva podem ser urbanos (transmitido por cães de gatos), rurais (transmitido por bovinos, equinos, suínos e caprinos) ou silvestres (transmitido por raposas, guaxinins, saguis, primatas e, principalmente, morcegos).3
Os sintomas vão desde mal-estar, inquietação, aumento da salivação, irritabilidade, paralisia, confusão mental evoluindo para coma e morte cerebral.4 A vacinação antirrábica disponibilizada no Brasil ao longo dos anos ajudou a controlar o vírus no país. O imunizante contra raiva humana está disponível gratuitamente para todos os brasileiros, por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI).4
A vacinação preventiva é indicada para pessoas que estão sob maior risco de serem infectadas, como veterinários, biólogos, zootecnistas, trabalhadores e tratadores de animais, além de moradores de regiões ou áreas consideradas endêmicas ou epidêmicas e para viajantes.5,6 Essa medida de prevenção tem como vantagem ajudar a simplificar a terapia pós-exposição, pois desencadeia resposta imune secundária mais rápida.7
Dra. Jacy Andrade
Professora titular de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Universidade Federal da Bahia (UFBA)
“Em todos os casos, depois de sofrer um ataque de qualquer animal, é fundamental higienizar o ferimento e buscar um serviço de saúde imediatamente para avaliação do caso. A indicação de vacina e/ou soro antirrábico (SAR) ou gamaglobulina humana (IGHAR), será definida baseada na epidemiologia, tipo e local do ferimento, animal agressor”.