Exposição reúne pinturas, poemas e instalações para homenagear vítimas e reforçar alerta sobre riscos radioativos; governo afirma que iniciativa busca educação, prevenção e cuidado social.
Por Mais Brazil News — 18/09/2025
38 anos de uma tragédia que marcou gerações
No dia 13 de setembro de 1987, Goiânia viveu uma das mais emblemáticas tragédias radiológicas do mundo com o vazamento de Césio-137 — elemento radioativo presente em aparelho de radioterapia abandonado que provocou contaminações sérias e mortes. Passados 38 anos, o episódio permanece vivo na memória da cidade, e cada setembro torna-se momento de reflexão, cuidado e relembrança.
Em 2025, o Governo de Goiás, em parceria com órgãos de Saúde, Cultura e instituições simbólicas da cidade, lançou a “Praça Cultural Césio-137” — espaço de exposição artística e literária que revisita o drama vivido pelas vítimas e a sociedade goianiense.
A mostra: arte, memória e voz
A “Praça Cultural Césio-137” ocorre no parque da Cidade / praça pública central de Goiânia (local escolhido para facilitar acesso da comunidade). A exposição inclui:
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Pinturas e gravuras feitas por artistas locais e nacionais, que reinterpretam o acidente, as contaminações, as sequelas humanas e o drama social que se seguiu.
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Poemas e prosas — coletâneas de textos críticos, íntimos e de protesto — escritos por sobreviventes, seus descendentes e poeta locais, distribuídos em painéis e instalações sensoriais.
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Instalações multimídia: projeções de vídeos e mesas interativas, com depoimentos históricos e entrevistas das vítimas, pesquisadores e autoridades que acompanharam os desdobramentos.
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Espaços reflexivos: áreas com avisos científicos sobre radioatividade, risco, descontaminação e papel da saúde pública, além de QR codes para materiais de leitura digital.
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Atividades culturais complementares: recitais de poesia, rodas de diálogo com grupos de apoio a vítimas, visitas guiadas por historiadores e oficinas educativas para estudantes sobre radiação e segurança ambiental.
O curador da exposição, o artista visual Marcos Leite, afirma:
“Nossa proposta não é apenas revisitar o passado, mas dialogar com o presente e o futuro: como ensinar a nova geração sobre o que ocorreu, sem estigmas, mas com verdade e ciência.”
Envolvimento governamental e institucional
O lançamento da praça cultural foi anunciado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO) e pela Secretaria de Estado da Cultura, com apoio da Prefeitura de Goiânia, do Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD) e de universidades como a UFG e a Universidade Estadual de Goiás (UEG).
Em nota, o governo afirmou que a exposição é parte de ações permanentes de sensibilização e comemorações anuais, com o propósito de:
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Manter viva a memória das vítimas e prestar homenagens públicas.
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Educar sobre riscos radiológicos, para prevenir incidentes futuros.
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Promover o diálogo entre ciência, sociedade e cultura, deixando um legado de conscientização permanente.
O poder público disse também que disponibilizará acesso gratuito e adaptado para pessoas com deficiência, e planeja itinerar algumas peças para outras cidades goianas impactadas pelo acidente.
Repercussão social e simbólica
A comunidade, sobretudo sobreviventes e seus familiares, recebeu com emoção o anúncio da praça cultural. Em conversas com o Mais Brazil News, alguns manifestaram:
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“Ver arte falando o que vivemos é cura e memória ao mesmo tempo.”
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“Não podemos deixar que tudo vire silêncio. Precisamos relembrar para que não se repita.”
Entre organizadores, há expectativa de que o espaço também atraia turistas e instituições interessadas em segurança nuclear e memória histórica.
Por que reafirmar essa memória?
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Registro histórico: preservar o que ocorreu, os acertos e os erros nos processos de descontaminação, acompanhamento médico e políticas públicas.
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Prevenção futura: fortalecer o conhecimento social sobre robsones, radiologia e processos de fiscalização.
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Direito à reparação: visibilizar vítimas e suas famílias, reivindicar apoio contínuo e políticas de assistência à saúde.
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Diálogo social: promover convergência entre ciência, arte e cidadania — para que as lições do passado alimentem decisões mais responsáveis.
Dados e impactos do acidente (lembrando o passado para pensar o presente)
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O acidente afetou centenas de pessoas, com casos confirmados de contaminação aguda, mortes e sequelas crônicas.
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A região central de Goiânia precisou ser isolada e descontaminada, com remoção de solo e ações urbanísticas.
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O episódio causou repercussão nacional e internacional, motivando melhorias na legislação de segurança radiológica no Brasil.
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Mesmo décadas depois, muitos sobreviventes ainda necessitam de acompanhamento médico e políticas de saúde específicas.