
Quem são os protagonistas?
iFood
- Fundado em 2011 no Brasil, pertence ao grupo Movile/Prosus.
- É o líder absoluto, com aproximadamente 83% de market share no delivery de refeições no País .
- Em 2019, faturou R$ 208 milhões, mas atualmente realiza cerca de 120 milhões de entregas por mês e atende mais de 60 milhões de usuários ativos e 400 mil restaurantes parceiros .
99Food
- Criada em 2019, era um serviço da 99 (controlada pela DiDi Chuxing). Saiu do Brasil em abril de 2023. Em abril de 2025, decidiu retornar com R$ 1 bilhão de investimento para montar seu “superapp” .
- A meta: alcançar 3.300 cidades brasileiras em até dois anos, oferecendo taxas zero para restaurantes e até 30% de desconto para o consumidor no mesmo prato comparado ao iFood .
O que está por trás da disputa?
Motivação estratégica da 99Food
- Quer posicionar-se como um “super app” que oferece delivery, mobilidade (99Táxi/Entrega) e serviços financeiros (99Pay) num único lugar .
- Como diferencial competitivo, oferece taxa zero por até 24 meses para restaurantes, além de dois modelos logísticos: Full Service ou Marketplace (restaurante entrega por conta própria) .
Contra-ataque do iFood
- O iFood, dominante, enfrenta pressões regulatórias por contratos de exclusividade, com acordo firmado com o Cade para limitar essas práticas até 2027 .
- Oferece o serviço iFood Benefícios, com cerca de 600 mil usuários, e está em negociação para adquirir a Alelo (maior administradora de VR do Brasil, com cerca de 6 milhões de usuários), estratégia que pode mitigar sua dependência de taxas às restaurantes .
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Aspecto iFood 99Food Market share ~83 % NegligÃvel atualmente Faturamento recente ~R$ 208 mi (2019); 120 mi entregas/mês ~R$ 0 (inativo até 2025); investimentos de R$ 1 bi Taxas para restaurantes 15 % – 26 % 0 % por até dois anos Modelo de operação Marketplace + logÃstica própria Full service ou marketplace Relação com entregadores Modelo indireto, algumas crÃticas
- Em 2024, o mercado de delivery faturou cerca de US$ 21 bilhões (crescimento de 7%), dos quais mais de 70% ficam com o iFood .
- A 99Food aposta na redução de custos para restaurantes e consumidores como vantagem competitiva. Rappi também entrou na briga com taxa zero e pacote de incentivos para entregadores .
Desafios da 99Food
- Entregadores em Goiânia, onde o serviço foi lançado em piloto, criticaram atrasos no pagamento e descontos não informados pelos intermediários (OLs), além de retaliações por parte das empresas parceiras .
- Questões logísticas e operacionais ainda estão sendo ajustadas nessa fase inicial.
Opinião final
A entrada agressiva da 99Food no mercado brasileiro não é apenas comercial, mas política: busca romper o oligopólio do iFood, favorecer os restaurantes e abaixar preços ao consumidor. O investimento de R$ 1 bilhão, estratégias de taxa zero e busca de legitimar sua presença junto ao setor financeiro e de mobilidade (via superapp) mostram ambição e planejamento.
Porém, o desafio é gigantesco. O iFood é um gigante consolidado, com liderança incontestável, rede de restaurantes e entregadores já fidelizada e acordos regulatórios estruturados. Para a 99Food triunfar, precisará lidar com problemas práticos de operação, consolidar redes logísticas e conquistar confiança junto à base de entregadores.
Será uma disputa de longo prazo, mas quem se beneficiarão agora são os estabelecimentos — e o consumidor — que já sentem a diminuição das taxas e mais opções no mercado. Se a 99Food mantiver os seus compromissos, pode finalmente equilibrar a balança e estimular mais inovação no setor.
Conclusão
A guerra entre iFood e 99Food representa muito mais do que competição: é a batalha por redefinir preços, condições para restaurantes e entregadores, e renovar o modelo de superapp no Brasil. A 99Food chega com vontade, capital e discurso. Cabe agora provar na prática se pode desafiar o reinado do iFood — e, assim, mudar para melhor o ecossistema de delivery brasileiro.