Pesquisa mostra que perfil de empreendedores do campo mudou muito na comparação do que era há meio século, mas nem por isso perdeu sua importância
Com um nível de escolaridade bem maior do que há 30 e 40 anos, um olhar mais técnico e muito mais abertura para o uso de tecnologias, o Brasil já tem uma nova geração de produtores rurais que assume cada vez mais protagonismo no agronegócio. Essas são conclusões de um recente estudo da EY, uma das maiores empresas de consultoria e auditoria do mundo. A pesquisa foi realizada em parceria com a CropLife Brasil, associação que reúne as principais empresas atuantes na cadeia produtiva do agro. O estudo revela que quase 60% dos empreendedores rurais no Brasil são formados por jovens, ou seja, pessoas na faixa etária entre 25 e 44 anos.
Diante do resultado do estudo, vale a pena refletirmos sobre a ideia que temos sobre o produtor rural, que mudou muito na comparação do que era há meio século, mas nem por isso perdeu sua importância. “O agronegócio brasileiro está cada vez mais maduro e chegando a um patamar de eficiência e produtividade jamais visto no mundo. As novas tecnologias em maquinário, implementos e de irrigação que temos disponíveis hoje buscam solucionar justamente essa delicada equação entre produtividade, qualidade e sustentabilidade, uma preocupação forte dessa nova geração de produtores”, afirma Cauê Campos, CEO do Grupo Pivot, empresa líder nacional na comercialização de máquinas agrícolas e sistemas de irrigação.
Cauê, que já vem da segunda geração da empresa (ele é filho do empresário Jorge Campos, um dos fundadores do Grupo Pivot), reconhece que os produtores rurais de hoje têm de fato um perfil diferente do que décadas atrás. Para o executivo, com as tecnologias que chegam ao campo atualmente, o Brasil embarca em um novo momento de seu agronegócio. “Sem, obviamente, menosprezar a experiência de quem veio antes e rompeu fronteiras, hoje temos fazendeiros mais atentos às pesquisas e aos dados produzidos pelas soluções tecnológicas digitais que se têm hoje”, destaca o CEO da Pivot. De acordo com executivo, além dos equipamentos de irrigação e maquinário agrícolas (tratores, colheitadeiras, pulverizadores), hoje também existem várias soluções digitais que auxiliam o produtor rural na gestão do seu negócio. “Entre as soluções que nós da Pivot oferecemos, por exemplo, há a plataforma Fieldnet, fornecida pela Lindsay, empresa líder mundial em tecnologias de irrigação; e a AFS Connect, da Case IH, outra marca líder no desenvolvimento de maquinário agrícola e tecnologias para o campo”.
Segundo ele, essas plataformas digitais, que estão disponíveis para sistemas operacionais de qualquer smartphone ou tablet, oferecem inúmeras ferramentas voltadas para a gestão da propriedade rural, em especial para planejamento de plantio e colheita, para a manutenção de produtividade e de maquinário agrícolas. “Essas soluções digitais estão agregadas em equipamentos como tratores com sistemas de piloto automático, passando por colheitadeiras com mapeamento de área e até sistemas de irrigação com estação meteorológica, hoje os equipamentos e ferramentas tecnológicas que temos nos insere na chamada agricultura 4.0”, afirma o CEO da Pivot.
Mais jovens e qualificadosOutro estudo feito pela consultoria especializada Fruto Agrointeligência revela que no Brasil a idade média do agricultor está em torno de 46 anos, contra 58 do americano e 60 contra os europeus, que são hoje os principais concorrentes do Brasil no setor agro.
Ainda segundo o levantamento, alguns setores da agricultura nacional já estão sendo “dominados” pela nova geração, como os produtores de algodão, segmento em que 60% têm menos de 35 anos e 52% têm curso superior. Em seguida vem os agricultores do Cerrado, onde 44% estão abaixo dos 35 anos, e dos quais 42% possuem curso superior. Depois temos os produtores de horticultores, dos quais 40% têm menos de 35 anos e 26% deles têm curso superior.