A técnica de reflorestamento, escolhida para proteger dois olhos d’água encontrados em área na Avenida São Paulo, em Aparecida de Goiânia, traz não apenas a cobertura vegetal como também produção de alimentos, que serão consumidas pelos colaboradores durante as obras de condomínio, e posteriormente pelos moradores
Aumentar a urbanização inclusiva e sustentável é um dos principais objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) instituídos pela Organização das Nações Unidas (ONU) para serem cumpridos até 2030. Mais do que nunca, o mundo preocupa-se em conciliar a preservação ambiental e o desenvolvimento econômico.
Desenvolvida no Brasil desde os anos 1980, a agrofloresta vem ganhando cada vez mais a adesão dos especialistas ambientais na hora de se fazer recuperação de áreas degradadas. Afinal, a combinação de espécies arbóreas com alimentícias, além de garantir temperaturas mais amenas, ar mais puro, permeabilidade do solo, mais saúde para as pessoas, ainda gera produção de alimentos enquanto crescem.
Exemplo disso é a CINQ Desenvolvimento Imobiliário, que deu início ao plantio de mudas no condomínio Parqville Figueira, localizado na Avenida São Paulo, em Aparecida de Goiânia. Conforme explica o engenheiro e diretor da empresa, Eduardo Oliveira, a primeira técnica de reflorestamento da região metropolitana do Estado, foi incluída no projeto após os projetistas da empresa descobrirem dois olhos d’água até então desconhecidos durante suas prospecções técnicas e ambientais dentro da área.
“Fomos nós quem informamos aos órgãos ambientais de sua existência”, informa Eduardo. Na prática, esta decisão resultaria em diminuir a quantidade de lotes a serem vendidos, pois uma nascente precisa de um raio de 100 metros de área de preservação. “Uma destas nascentes estava em uma área totalmente degradada no meio do condomínio, mas entendemos seu valor ambiental para todo o ecossistema. E as pessoas querem viver mais perto da natureza, mesmo estando dentro da cidade ”, comenta Eduardo.
De acordo com especialistas, a mistura das espécies é a melhor forma de promover o desenvolvimento natural de uma floresta. “Em simbiose, as espécies se desenvolvem com a biodiversidade contribuindo para o enriquecimento do solo. Além disso, gera a produção de alimentos, entre outros benefícios”, complementa o biólogo e mestre em ecologia, Murilo Arantes, responsável pelo plantio da agrofloresta no condomínio.
Com 3300 mudas em uma área de 2,4 hectares, o plantio mistura árvores frutíferas e de grande porte em conjunto com hortaliças, mandioca, pimenta, tomate, banana, alfaces, rúculas, agrião, cenouras, beterrabas, couve-flor, brócolis, couves, e outras que precisam de receber sol, enquanto as espécies arbóreas são pequenas. Nas fases seguintes, as espécies alimentares serão as frutíferas e culturas de meia sombra que se desenvolvem bem sob as árvores que crescem.
Fazenda Urbana
O condomínio, que terá uma infraestrutura completa de lazer e acessibilidade, receberá 295 famílias. Além de contar com a agrofloresta, terá também a primeira fazenda urbana, ideia inspirada nos projetos norte-americanos visitados em uma missão técnica realizada pela CINQ em 2018, nos estados da Flórida, Geórgia, Alabama e Carolina do Sul. Ela terá capacidade de produção de 100 cestas por semana, com 10 itens cada. Isso equivale a 1.000 itens (pés de hortaliças) semanais e 4.000 que poderão ser colhidos mensalmente.
Mais do que uma horta a um passo do quintal, a fazenda urbana gera benefícios como alimentação natural, sustentabilidade, autogestão, inclusão social e uma vida comunitária próspera. “O cultivo alimentar próximo de quem vai consumir, elimina a necessidade de transporte, e consequentemente a emissão de carbono pelos veículos, o desperdício gerado na distribuição, diminui os custos de produção”, diz Eduardo Oliveira, que acredita ser o projeto uma contribuição para consolidar uma nova mentalidade no desenvolvimento urbano, em consonância com as diretrizes ambientais da ONU.