Na soma dos últimos oito anos, o custo de vidas pedidas chega a R$ 251 bilhões; quadro poderia ser revertido com medidas para trânsito seguro
Os acidentes de trânsito impactam na sociedade, com vidas perdidas, famílias desfeitas e comunidades afetadas. Além dos custos humanos dos acidentes de trânsito, há também custos econômicos significativos, que incluem despesas médicas, perda de produtividade e os associados aos danos materiais.
Estudo recente do Centro de Liderança Pública (CLP) mostra que o Brasil perde anualmente cerca de R$ 21 bilhões com mortes em acidentes de trânsito, o que representa 0,2% do PIB em 2023. O levantamento também mostra que, ao contabilizarmos os últimos oito anos, o custo econômico de vidas pedidas chega a R$ 251 bilhões – uma média de R$ 800 mil por indivíduo.
O custo econômico das perdas de vidas no trânsito foi calculado a partir do modelo desenvolvido por órgãos internacionais que considera dois critérios: a sobrevida esperada (anos que viveriam se não tivessem morrido) e a trajetória esperada de renda se o acidente não tivesse acontecido.
A organização identificou que os homens têm quatro vezes mais chances de perderem a vida em acidentes rodoviários que as mulheres. Já a idade média daqueles que vêm a óbito nesse tipo de acidente é de cerca de 41 anos para homens e 42 anos para mulheres – e a sobrevida destes é de 36 e 40 anos, respectivamente.
A nota técnica analisa o período de 2012 até 2023, com dados mais recentes do DataSUS e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) de 2020.
Ao verificar números de mortalidade no trânsito, a nota comparou o Brasil com outros países. O país apresenta maior índice de mortalidade do que Colômbia, Chile, Uruguai e Argentina. Por outro lado, tem menos casos do que Venezuela, Paraguai, Bolívia e Equador.
“Os governos devem levar esses custos em consideração ao implementar medidas para melhorar a segurança viária, e têm a responsabilidade de abordar esse problema por meio da implementação de leis de segurança, melhorias na infraestrutura, campanhas de educação pública e medidas de fiscalização”, afirma a nota.
Apesar de ainda estar distante dos países desenvolvidos, o Brasil, desde 2014, apresenta redução das mortalidades nos transportes, revertendo a tendência de crescimento que vinha desde o ano de 2000.
Regiões brasileiras
De acordo com o Ranking de Competitividade dos Municípios de 2023, elaborado pelo CLP, o Centro-Oeste foi proporcionalmente a região com maior número de acidentes de trânsito com mortes. Neste caso, 57,14% das cidades apresentaram mortalidade acima de 20 por grupo de 100 mil habitantes. Na sequência, está o Norte (44,74%), Nordeste (42,22%), Sul (38,57%) e, por último, Sudeste (20%).