Em meio ao drama vivido por milhares de pacientes com câncer em Goiás, um dossiê robusto e detalhado expõe, chegou em nossas mãos, detalhando como o Cartel da Oncologia foi formado e quais seus objetivos.
A denúncia apresentada no Ministério Público tem 514 páginas detalhando como o Cartel atua para deliberadamente tornar o tratamento do Câncer em Goiás menos eficiente e mais caro. Segundo a denúncia o Cartel de Oncologia não atua para salvar vidas e sim para obter lucro com a indústria do câncer em Goiás.
O que é sussurrado nos corredores da saúde: a existência de um cartel empresarial cujo objetivo central não é salvar vidas, mas eliminar a concorrência, controlar preços e maximizar lucros às custas da dor humana, está nas mãos do GAECO e que tem a obrigação de dar uma resposta sobre as denúncias que se comprovadas, estaremos diante do maior genocídio da história de Goiás. O silêncio do Ministério Público neste caso, pode colocar o MP em uma omissão condenatória.
Segundo a petição protocolada no Ministério Público que denuncia a chamada “Mistanásia” — a morte evitável e socialmente produzida — o cartel formado por grandes centros de oncologia teria atuado de maneira orquestrada para sufocar o INGOH, inviabilizar melhorias na rede pública e forçar reajustes abusivos no IPASGO, criando um ambiente de asfixia institucional e desassistência deliberada.
Caso Mistanásia
Processo nº xxxxxx– TJGO
Natureza: Notícia-Crime (Petição Criminal)
Data de Protocolo: 12/12/2023 – 18:11:24
Advogado subscritor: Leandro Silva
Representante/Vítima: Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia – INGOH
Juízo: Goiânia – UPJ Varas dos Feitos Relativos a Organização Criminosa
🎯 Objeto da Ação
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- Denúncia de formação de cartel na oncologia em Goiás.
- Acusações de boicote, práticas anticoncorrenciais e reajustes abusivos contra o IPASGO.
- Configuração de “Mistanásia”: mortes evitáveis e sofrimento de pacientes por omissão, restrição de acesso e precarização deliberada do tratamento.
⚖️ Partes
Polo Ativo
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- INGOH – Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia Ltda.
Polo Passivo (principais nomes e empresas)
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- A.C. T
- D. E. A
- M. M. S
- A.M. A
- U.O. F
- R. D.F
- Instituto de Hemoterapia de Goiânia (IHG)
- Oncovida – Centro de Oncologia Ltda.
- Honcord – Hematologia e Oncologia Ltda.
- Hemolabor – Hematologia e Lab. de Pesquisas Clínicas Ltda.
- CEBROM – Centro Brasileiro de Radioterapia Oncologia e Mastologia Ltda.
- Banco de Sangue Modelo de Anápolis Ltda. (Instituto Onco-Hematológico)
- Goiás Oncologia e Participações Ltda.
⚙️ Principais Acusações
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- Convite e coação ao INGOH para aderir ao cartel; diante da recusa, sofreu retaliações.
- Suspensão de serviços e boicotes para forçar o IPASGO a aceitar aumentos de tabela.
- Reajustes abusivos de mensalidades, acima dos índices autorizados pela ANS/BACEN.
- Revogação de programas sociais do IPASGO, como a isenção de coparticipação a pacientes com câncer.
- Ações judiciais e administrativas contra o INGOH para inviabilizar sua atuação.
🧑⚖️ Impactos alegados
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- Prejuízo direto a pacientes (atrasos, falta de leitos, restrição de acesso).
- Redução da qualidade do tratamento em nome do lucro.
- Mistanásia: mortes evitáveis por omissão e degradação deliberada do sistema de oncologia em Goiás.
O núcleo empresarial
Os nomes que aparecem como protagonistas não são desconhecidos no mercado da saúde:
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- Oncovida – Centro de Oncologia Ltda.
- Honcord – Hematologia, Oncologia e Células-Tronco Ltda.
- Hemolabor – Hematologia e Lab. de Pesquisas Clínicas Ltda.
- CEBROM – Centro Brasileiro de Radioterapia, Oncologia e Mastologia Ltda.
- Instituto de Hemoterapia de Goiânia (IHG)
- Banco de Sangue Modelo de Anápolis Ltda.
Segundo a denúncia todas elas orbitando em torno da Goiás Oncologia e Participações Ltda., criada em 2018 como núcleo unificador, uma espécie de holding informal para centralizar poder e decisões estratégicas.
As engrenagens do cartel
O modus operandi relatado na denúncia protocolada no Ministério Público é claro e contundente:
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- Coação e ameaça ao INGOH: convites para aderir ao cartel, seguidos de retaliações após a recusa.
- Boicotes e suspensões de serviços para pressionar o IPASGO a aceitar aumentos de tabela.
- Reajustes abusivos acima dos índices autorizados pela ANS e pelo BACEN.
- Ações judiciais e administrativas contra concorrentes para inviabilizar a atuação independente.
- Revogação de programas sociais, como a isenção de coparticipação para pacientes oncológicos, sacrificando diretamente os mais vulneráveis.
Trata-se de um modelo de cartelização que vai além da economia: atinge vidas humanas de forma direta, transformando o câncer em moeda de troca.
Os rostos por trás do poder
A denúncia que o Ministério Público tem em mãos e precisa investigar, cita nomes de peso no setor, como Antônio César Teixeira, apontado como articulador e ex-sócio do IHG; Déborah do Egito Almeida, executiva do CEBROM; Marcus Magnus Sampaio, da Oncovida; Adriano de Moraes Arantes, da Honcord; e Ubirajara de Oliveira Fernandes, do Hemolabor, entre outros sócios e médicos que compõem esse ecossistema empresarial.
Não se trata apenas de negócios — é a materialização de um sistema onde decisões de conselho se convertem em sentenças de vida ou morte para pacientes.
O impacto cruel: a “Mistanásia”
O termo usado na petição não poderia ser mais duro e preciso: Mistanásia.
Mortes evitáveis, causadas por atrasos, omissões e precarização deliberada. Leitos insuficientes, qualidade reduzida, burocracia artificialmente criada para desgastar pacientes e familiares.
Nesse cenário, o paciente deixa de ser sujeito de direito para se tornar refém de um oligopólio que regula o acesso à saúde segundo seus próprios interesses econômicos.
O silêncio que grita
Curiosamente, o documento não fala em medicamentos falsificados — algo presente em outras investigações — mas ressalta, de forma repetida, o boicote, o sobrepreço e a cartelização. Essa omissão é reveladora: aqui, a morte não vem pela fraude direta do remédio, mas pelo bloqueio sistêmico de acesso ao tratamento.
Reflexão final
O caso expõe uma ferida aberta em Goiás: a submissão da saúde a interesses privados que operam como máfia, controlando quem pode ou não lutar contra o câncer.
Se tudo que está na denúncia for verdadeiro, não estamos diante apenas de má gestão ou falhas administrativas. Estamos diante de uma engenharia criminosa que transforma dor em lucro e vidas em estatística.
E se a Justiça e o Estado fecharem os olhos, o cartel continuará ditando as regras — enquanto pacientes agonizam em filas intermináveis, vítimas de uma mistanásia tão perversa quanto silenciosa.
“Estamos articulando a maior força-tarefa da imprensa em Goiás, não apenas para divulgar, mas para investigar a fundo como o Cartel da Oncologia opera em todas as frentes para se blindar e manter seus privilégios.”