Goiás, 25 de agosto de 2025 — Em um dos episódios mais graves dos últimos anos, as chamas devastaram mais de 820 hectares no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (GO). O incêndio teve início na tarde de sexta-feira, 22 de agosto, e só foi contido no domingo, 24, após intensa ação de brigadistas e equipes especializadas.
Local de impacto e “frentes de fogo”
A área atingida abrange tanto o interior do parque quanto seu entorno. A região conhecida como Alpes Goianos foi uma das mais afetadas dentro da unidade de conservação. Já no entorno, o Morro da Baleia foi o primeiro ponto a ter o fogo contido, ainda no sábado, 23.
Para conter o avanço das chamas, os brigadistas adotaram a técnica de “direcionamento de incêndio” — ou seja, conduzir o fogo a regiões previamente controladas, por meio de queimas prescritas — uma estratégia arriscada mas necessária para evitar danos ainda maiores.
Ação das equipes
Mais de 30 brigadistas foram mobilizados no combate ao incêndio, envolvendo órgãos como ICMBio, Ibama, PrevFogo e brigadas voluntárias locais. A articulação teve que lidar com o relevo acidentado da Chapada e o vento seco típico da estação, que favoreceu a propagação rápida do fogo.
Apesar da magnitude, os gestores do parque informaram que os principais atrativos turísticos não foram afetados, e por enquanto a unidade permanece aberta à visitação, sob monitoramento constante.
Cenário mais amplo: o Cerrado em alerta
Esse episódio não é isolado. O bioma Cerrado já acumulava mais de 20 mil focos de incêndio até 24 de agosto de 2025, segundo dados do Inpe. O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, por sua vez, é referência ambiental no país, com cerca de 240 mil hectares protegidos, em áreas que cruzam os municípios de Alto Paraíso, Cavalcante, Nova Roma, São João da Aliança e Teresina de Goiás.
Com a proximidade do auge da estação seca, especialistas alertam para a necessidade urgente de planos efetivos de prevenção, monitoramento e repressão a incêndios florestais — não apenas no parque, mas em toda a região de Cerrado.
Desafios e perspectivas
Um dos principais desafios é identificar responsabilidades — sejam por ação ou omissão — para que haja penalização conforme previsto na legislação ambiental. Uma operação com essa finalidade já foi anunciada recentemente pelo governo estadual, com apoio de órgãos de segurança e fiscalização.
Diante disso, a sensibilização junto aos proprietários rurais, educação ambiental nas comunidades do entorno e investimento contínuo em brigadas locais são medidas urgentes que precisam ganhar prioridade para prevenir novos desastres.