O presidente Luiz Inácio Lula da Silva protagonizou um dos momentos mais comentados da Cúpula do G20 ao declarar que “o multilateralismo vai vencer, apesar da oposição de Donald Trump”. A fala, feita às margens do encontro em Joanesburgo, intensificou o clima diplomático entre Brasil e Estados Unidos e ganhou repercussão imediata no cenário internacional.
A declaração, registrada pela agência Reuters, foi interpretada como um recado direto à política externa americana, especialmente no atual contexto de retomada da influência do ex-presidente Donald Trump na política global.
Crítica à agenda internacional dos EUA
Segundo Lula, Trump estaria “tentando pregar o fim do multilateralismo e fortalecer o unilateralismo” — movimento que, para o presidente brasileiro, representa risco para a governança global.
A fala confronta diretamente a postura americana e reforça o alinhamento do Brasil com países do Sul Global, que defendem maior participação nas decisões internacionais e reforma nos organismos multilaterais.
Alerta sobre “colonialismo digital”
Além da crítica ao unilateralismo, Lula também fez um alerta considerado sensível por grandes potências: o risco do “colonialismo digital”.
O presidente afirmou:
“Quando poucos controlam algoritmos, dados e infraestruturas, a inovação passa a gerar exclusão.”
A mensagem atinge empresas de tecnologia sediadas majoritariamente nos Estados Unidos e Europa, que dominam plataformas digitais, sistemas de IA e dados globais.
Reação internacional
Diplomatas que acompanharam o encontro afirmam que o discurso de Lula deixou claro que o Brasil quer assumir papel de liderança entre países emergentes, defendendo regras mais equilibradas e resistência a hegemonias unilaterais.
Se por um lado ganha força entre países africanos, asiáticos e latino-americanos, por outro:
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eleva tensões com os EUA,
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pressiona a relação bilateral,
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e projeta o Brasil como voz crítica dentro de uma das maiores mesas de negociação global.
Contexto do G20
Lula participa do encontro como parte da “troika do G20”, ao lado da África do Sul (presidência atual) e dos Estados Unidos (próxima presidência). Esse papel confere ao Brasil posição privilegiada nas decisões estratégicas do grupo.
O Brasil defende no G20 três eixos principais:
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combate à fome e à pobreza,
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desenvolvimento sustentável,
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e reforma da governança global.
O discurso polêmico de Lula se encaixa na terceira frente — e mostra que o governo não pretende suavizar o tom.
Impacto político
A fala projeta Lula como líder influente do Sul Global, mas também coloca o Brasil em posição mais assertiva — que pode gerar:
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aproximação de países emergentes;
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tensões com Washington;
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debates internos sobre o real ganho diplomático dessa postura.
A ver como o Itamaraty irá calibrar essa pressão para evitar desgaste com parceiros estratégicos.

































































