Um embate entre o Deputado Bruno Peixoto (presidente da ALEGO) e o IPHAN-GO, dirigido por Gilvane Felipe, revelou esta semana muito mais do que simples divergências políticas: escancarou o completo descaso e a falta de responsabilidade com o patrimônio histórico e cultural de Goiás.
Bruno Peixoto, com fortes críticas, responsabilizou publicamente o IPHAN pela deterioração da Igreja da Boa Morte, um importante bem tombado no município de Goiás, acusando o órgão federal de “incompetência”. O IPHAN, por sua vez, em nota assinada por Gilvane Felipe, rebateu as críticas esclarecendo que a Igreja pertence à Diocese de Goiás e que a gestão é responsabilidade compartilhada com o Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM).
O órgão federal esclareceu que, embora tenha a função legal de fiscalizar e monitorar o patrimônio, não detém a posse do imóvel, portanto não pode tomar decisões sobre a transferência ou manutenção estrutural diretamente. Com isso, ficou evidente uma tentativa do deputado estadual de repassar um problema complexo de patrimônio e manutenção pública para outro órgão governamental sem o devido entendimento da situação.
No entanto, há falhas dos dois lados. Enquanto Bruno Peixoto demonstra desconhecimento preocupante sobre o funcionamento dos órgãos responsáveis pelo patrimônio cultural, o IPHAN não pode simplesmente eximir-se totalmente da sua responsabilidade moral e técnica pelo estado da Igreja. Afinal, como órgão fiscalizador, caberia uma postura mais ativa, contundente e menos burocrática diante da clara deterioração do local.
Além disso, a proposta de Gilvane Felipe de que o deputado busque recursos junto à bancada do União Brasil, embora válida, soa como uma tentativa de devolver o problema político ao legislativo, criando uma espécie de círculo vicioso onde o patrimônio cultural permanece abandonado à própria sorte.
Fica claro que a situação da Igreja da Boa Morte não é apenas uma questão técnica, mas um reflexo do descaso político e institucional com a preservação histórica em Goiás. O debate, infelizmente, virou uma guerra política onde quem mais perde é a cultura e a história do povo goiano.
É preciso menos discurso político, menos burocracia institucional e mais ação efetiva. A sociedade goiana merece respeito e soluções práticas, não apenas notas de esclarecimento e acusações recíprocas que não resolvem o verdadeiro problema: o abandono do patrimônio histórico e cultural do estado.