O Brasil conta atualmente com uma fila de 650 pacientes à espera de um transplante de medula óssea. São pessoas que alimentam a esperança de cura ao encontrar compatibilidade entre 1 em cada 100 mil não familiares, segundo dados do Ministério da Saúde. O processo de correspondência entre paciente e doador de medula óssea é complexo e demorado. Muitas vezes passam-se anos desde o momento em que uma pessoa se inscreve como doadora até que haja uma compatibilidade. Neste cenário, podem ter mudado de endereço, alterado suas informações de contato ou até mesmo seu sobrenome, o que torna difícil encontrá-las. A boa notícia é que a tecnologia, por meio da inteligência de dados, já está sendo usada para aumentar as chances de encontrar o doador adequado para cada paciente.
A parceria entre ciência e tecnologia gera frutos importantes. Falando de transplante de medula óssea, o primeiro grande marco ocorreu em 1968, em duas crianças com deficiência imunológica. Aqui no Brasil, o primeiro transplante foi realizado em 1979, em Curitiba. A partir daí, graças a observações realizadas ao longo dos anos durante os procedimentos, aprendeu-se muito sobre técnicas de transplantes, e o avanço da medicina com a criação de medicamentos mais eficazes.
Visando ajudar as pessoas a melhorar sua qualidade de vida, muitas ferramentas de inovação têm atuado direta e indiretamente na saúde. Isso porque, ações que podem parecer simples, como a busca de doador voluntário, tornam-se uma luta contra o tempo quando os dados das pessoas não estão atualizados no banco de doadores. É neste aspecto que a análise de dados pode ser a ferramenta-chave para ajudar pacientes a saírem da fila de transplante, renovando suas chances de cura.
Para auxiliar instituições nesta busca, existem soluções de cruzamento de dados que otimizam esse processo. Ao combinar dados alternativos[1] com dados tradicionais (de instituições), podemos aumentar as chances de encontrar doadores voluntários, mesmo quando há mudanças de endereço ou número de telefone. Essas soluções seguem todos os critérios da LGPD (Lei Geral da Proteção de Dados) permitindo acesso em tempo real a diversas fontes de dados, incluindo CPF, CNPJ, nome, telefone e e-mail, de forma segura.
Antes, encontrar um doador era demorado e baseado principalmente em bancos de dados locais ou registros de voluntários. Agora, graças à coleta e análise sistemática de dados, é possível realizar pesquisas mais abrangentes. Até 2023 – por meio da parceria firmada desde 2015 com a TransUnion – o Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME) acessou o contato de mais de 14 mil pessoas em sua plataforma de validação de dados, tendo localizado 60% deste montante. Segundo a instituição, 70% dos transplantes no País são realizados com doadores brasileiros.
Apesar de o REDOME ser considerado o terceiro maior Registro do mundo, com mais de 5,5 milhões de doadores, a localização de pessoas compatíveis ainda representa um grande desafio para a instituição. A compatibilidade entre irmãos é de apenas 25% e na população em geral este percentual é ainda menor. Encontrar os doadores em tempo hábil, é essencial para aumentar as possibilidades de salvar vidas.
Casos como esse ilustram a importância de contar com bancos de dados atualizados, alinhados a soluções de inteligência de dados que podem ajudar a ampliar as chances de localização das pessoas que se cadastraram como doadores, mas cujas informações de contato estão desatualizadas. A tecnologia tem caminhado a passos largos para ajudar a população como um todo em diversos setores, da inclusão financeira à cidadania. Na área da saúde, a revolução tecnológica é uma constante.
Cada pessoa pode fazer a sua parte e ajudar: se você já é doador ou doadora, mantenha seus dados atualizados. Se ainda não é, aproveite a oportunidade de salvar vidas.