Por Mais Brazil News — 27/08/2025
A Polícia Civil de Goiás, em ação conjunta com a Secretaria da Economia (Receita Estadual) e o MP-GO, deflagrou a Operação Straw Man e desmontou um esquema de sonegação que movimentou cerca de R$ 250 milhões em cinco anos por meio de empresas de fachada (“noteiras”) registradas em nomes de laranjas. Três pessoas foram presas: o dono de um atacadista de materiais de construção, um técnico em contabilidade e um trabalhador rural usado como “sócio” em nove companhias. Houve buscas em Goiânia e Uruana e bloqueio judicial de bens.
Como funcionava a engrenagem
Segundo a apuração oficial, a empresa principal — cadastrada no Simples Nacional — omitiria faturamento usando uma rede de noteiras que emitiam notas fiscais fictícias para gerar créditos e mascarar o real volume de vendas. Quando a Receita travava uma dessas firmas por inadimplência, outra era aberta em nome de laranjas, mantendo o giro de notas e a blindagem do patrimônio.
Os números que escancaram o prejuízo público
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R$ 250 milhões: movimentação estimada do grupo no período analisado.
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R$ 17 milhões: dívida já inscrita em dívida ativa apenas em uma das empresas ligadas ao laranja — valor que, com avanço das apurações, pode chegar a R$ 40 milhões em impostos e multas.
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Nove: número de empresas em nome do laranja, um trabalhador rural.
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Três: presos na primeira fase (empresário, técnico em contabilidade e laranja).
Além das prisões e buscas, houve bloqueio de patrimônio — medida para evitar a dilapidação de ativos que possam garantir a recuperação do crédito tributário. Bens de luxo são alvo das cautelares.
Quem fez o quê
A Receita Estadual forneceu inteligência fiscal que mapeou o padrão de emissão de notas e a cadeia de “noteiras”. A Delegacia de Repressão a Crimes contra a Ordem Tributária (DOT) conduziu diligências, prendeu os investigados e reuniu provas documentais e patrimoniais. A Promotoria de Defesa da Ordem Tributária coordenou a frente ministerial. Delegados e auditores destacam que há indícios robustos de associação entre o empresário e o contador para operar a fraude.
Crimes em apuração (e penas)
Os investigados podem responder por:
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Sonegação fiscal (Lei 8.137/90);
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Lavagem de dinheiro (Lei 9.613/98);
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Falsidade ideológica (art. 299 do CP);
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Associação criminosa (art. 288 do CP).
As penas, combinadas, podem resultar em reclusão e multas elevadas, além de perdas e sequestro de bens. (Base legal geral; enquadramentos apontados pelas autoridades no caso.)
O que ainda pode vir à tona
Relatos colhidos junto às autoridades e veículos locais indicam que o núcleo contábil articulava a abertura e o fechamento de CNPJs para reciclar a fraude, e que a apuração pode alcançar outras empresas “noteiras” — inclusive em ramos como restaurantes e tecidos. A investigação começou em novembro de 2024 e segue ativa.
Editorial — Por que isso importa (e muito)
Mais do que um “caso policial”, a Straw Man revela uma máquina de sugar dinheiro público pela via da sonegação, pressionando quem paga em dia e asfixiando serviços essenciais. R$ 17 milhões já estão na dívida ativa; o passivo pode dobrar com multas. É dinheiro que não chegou à saúde, educação, segurança. O Estado tem a obrigação de apertar o cerco, e o contribuinte honesto tem o direito de ver exemplos: responsabilização civil, penal e tributária — com todos os nomes à luz e o ressarcimento integral aos cofres.
Próximos passos esperados
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Quebras de sigilo fiscal e bancário para rastrear fluxos e beneficiários.
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Ampliação do bloqueio de bens para garantir pagamento de tributos e multas.
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Denúncia formal do MP-GO e eventual oferecimento de acordos de colaboração.
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Fiscalização cruzada em setores com risco de “noteiras”. (Medidas compatíveis com o padrão de operações recentes e com o que já está sendo feito no caso, incluindo bloqueio de bens e continuidade da apuração.