Abilio Brunini adota postura de enfrentamento e recusa cerimônia com o presidente, mesmo em entrega de casas populares financiadas por Brasília
Em uma declaração que elevou o tom da tensão entre o governo federal e lideranças municipais de oposição, o prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), afirmou publicamente que não pretende receber o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em nenhuma cerimônia oficial na capital mato-grossense — nem mesmo em eventos de entrega de moradias populares do programa federal Casa Cuiabana.
“Se o Lula vier aqui, não vou receber. Não vai ter nenhuma cerimônia na prefeitura. Eu entrego direto na mão deles, sem cerimônia, sem nada. Não chamo Governo Federal. Aqui não vai ter Lula no palanque de ninguém, não”, declarou Brunini durante entrevista ao programa Conexão Poder.
A fala, carregada de viés político e ideológico, escancara o clima de hostilidade entre uma gestão municipal declaradamente bolsonarista e a atual administração petista em Brasília. Embora o programa habitacional mencionado tenha verbas federais, Brunini deixa claro que não permitirá nenhum tipo de capitalização política por parte do Planalto, mesmo que isso signifique romper com a liturgia institucional.
Essa postura reforça a estratégia de polarização como ativo político, buscando fortalecer sua imagem junto ao eleitorado conservador que rejeita o governo Lula. No entanto, o gesto pode colocar em risco futuras parcerias com o governo federal, além de gerar desgaste administrativo e jurídico, já que recursos públicos estão envolvidos.
Oposição ou afronta à democracia?
O que chama a atenção, mais do que o posicionamento partidário, é a ruptura do respeito institucional. A recusa de um prefeito em participar de agendas com o presidente da República, ainda que sejam divergentes politicamente, fere o princípio da impessoalidade e da cooperação federativa, pilares da gestão pública no Brasil.
Para aliados de Lula, Brunini está apostando no conflito como palanque eleitoral antecipado, mirando 2026. Já para seus apoiadores, o gesto é de “coragem” e “coerência ideológica”.
Enquanto isso, a população — que deveria ser o foco da política pública — assiste ao espetáculo de vaidades e rivalidades, onde a disputa por holofotes se sobrepõe à eficiência na entrega de serviços e moradias dignas.