Pesquisa revela que 44% dos pedidos no Programa Desenrola Brasil, foram feitos para lidar com contas que precisavam ser acertadas com urgência
O Brasil atualmente ocupa a 11º posição entre as melhores economias mundiais, porém mais de 12 milhões de famílias perdem o sono diariamente por conta das dívidas. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), em outubro, 452,5 mil famílias paulistanas relataram que não terão condições de pagar as dívidas em atraso, sendo 11,2% do total de lares na cidade de São Paulo, atingindo novo recorde histórico.
Em setembro, o percentual havia sido de 10,9%, um aumento de 11,5 mil famílias na situação delicada. As que mais sofrem são as de renda mais baixa, até 10 salários-mínimos, onde 14,8% dizem não ter condições de acertar as contas. Para o especialista Fernando Lamounier, educador financeiro e diretor da Multimarcas Consórcios: “A instabilidade econômica do país é o agente dificultador de um padrão de vida financeira saudável para o cidadão comum. A alta inadimplência deve-se à situação dos salários baixos e desemprego elevado”.
Dados do Índice FinanZero de Empréstimo (da fintech FinanZero), mostram que no Estado 44% das solicitações no programa de negociação de dívidas, Desenrola Brasil, foram feitas para lidar com contas que precisavam ser quitadas com urgência.
Lamounier aponta que um dos principais motivos do endividamento segue sendo o cartão de crédito, já que é visto como um valor adicional ao orçamento mensal. “Os brasileiros vêm utilizando a modalidade para compras do dia a dia e a capacidade de parcelamento levou-os a acreditar que ao dividir uma compra a dívida fica menor, quando na realidade, as pessoas estão apenas antecipando as dívidas do próximo mês”, explica.
O endividamento além de impactar a economia, também atinge o estado emocional dos indivíduos. Segundo pesquisa nacional, as finanças causam estresse e conflitos familiares em mais de 60% dos brasileiros e apenas 21,9% se sentem preparados para lidar com uma despesa inesperada. Para Lamounier, a educação financeira é a solução: “É necessário que a educação financeira seja cada vez mais incentivada. A consciência de gastos e o planejamento para realização de grandes projetos beneficia não apenas o detentor do dinheiro, mas todos ao seu redor”.
Com isso, o especialista listou quatro dicas para se organizar financeiramente e não entrar no vermelho:
- Mapeie a sua renda total, isto é, salário e rendas extras.
- Separe as despesas fixas no seu orçamento, como aluguel, condomínio, internet e contas de serviços públicos (água, luz, gás).
- Esquematize as despesas variáveis como alimentação, transporte e gastos com saúde.
- Organize dívidas e pagamentos, como parcelas de empréstimos e cartão de crédito.